Serviço de Alimentação da Previdência Social inspira temática de livro
Crise de 1929, Estado Novo, Getúlio Vargas, Segunda Guerra Mundial. O que isso tem a ver com a Nutrição no Brasil?
Foi a partir desse cenário, em que o governo buscava soluções para reduzir a crise econômica e apaziguar as relações de empregadores x empregados com políticas populistas que surge, em 1939, o Serviço Central da Alimentação (SCA), um programa que pretendia suprir o problema de uma alimentação racional para todos os trabalhadores, que destinavam em média 50% do orçamento familiar para esse item, sobrecarregando o custo de vida.
Após um ano de sua criação, o SCA foi absorvido pelo Serviço de Alimentação da Previdência Social (SAPS), uma autarquia com jurisdição nacional com a finalidade de garantir condições favoráveis e higiênicas de alimentação do trabalhador — e, consequentemente sua saúde e capacidade laboral — oferecendo restaurantes com alimentação saudável a preços populares para todos os segurados dos Institutos e das Caixas de Aposentadoria e Pensões, além de acesso a discotecas, bibliotecas e cursos variados.
“O SAPS foi uma instituição pioneira, que desenvolveu programas de assistência alimentar aos trabalhadores e seus familiares através de restaurantes populares e postos de subsistência, bem como atividades de propaganda e educação alimentar junto à comunidade”, diz a nutricionista do GEN Sandra Goulart Magalhães, autora do livro "Estado Novo: Políticas Sociais para uma Alimentação Saudável e Racional", que retrata profundamente o assunto.
Na leitura, é possível entender como funcionava o SAPS, que em caráter permanente criou cursos de voluntárias de alimentação, auxiliares de alimentação, de Nutricionistas e Médicos Nutrólogos, visitadoras de alimentação SAPS, e ainda de profissionais de sala, copa e cozinha, bem como as respectivas carreiras e quadro de pessoal.
Além dos restaurantes populares, o SAPS possuía também os Postos de Subsistência (vendendo cesta básica subsidiada aos trabalhadores) em vários estados do país, e oferecia merenda escolar para os filhos destes trabalhadores, biblioteca, cinema, sala de música e ainda cursos de corte e costura.
No campo técnico-científico, a Instituição SAPS mantinha laboratórios e biotérios onde os técnicos em alimentação (médicos, lotados no SAPS), desenvolviam diversas pesquisas sobre alimentos brasileiros, tanto na avaliação do teor vitamínico como no aumento da sua produção, utilização e conservação, que posteriormente eram publicadas no suplemento científico dos Boletins informativos do Programa.
Possuía ainda uma cozinha escola, onde eram ministradas as aulas práticas para os diversos cursos criados. O restaurante central da Praça da Bandeira (sede do SAPS no Rio de Janeiro) tornou-se ponto de atração, recebendo diariamente personalidades ilustres da política e da ciência, assim como estudiosos dos problemas sociais e assistenciais para constatarem in loco a execução dessa obra.
O SAPS tornou-se um cartão de visitas para a política Internacional, principalmente para a América Latina, e foi extinto em janeiro de1967 pelo Decreto-Lei 224 de 28/02/1967.
Para quem deseja saber mais sobre o assunto e conhecer melhor a história dessa política de bem-estar social, vale a pena conferir o livro.
Sandra Goulart Magalhães
Nutricionista e membro do GEN
Prof. Associada do Depto de Nutrição em Saúde Pública-UNIRIO
Doutora em Ciências pelo PPGENFBIO da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto-UNIRIO
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