Alimentação no Brasil, do Descobrimento à República


Quando falamos de comida tipicamente brasileira, logo lembramos da famosa feijoada, mas a história da alimentação começa antes da chegada dos portugueses. Com a fusão do povo indígena, português e africano, o costume alimentar do brasileiro começa a traçar a história. 


Alimentação indígena – desde os primórdios de uma nação




Antes de o Brasil ser descoberto e colonizado pelos portugueses, a mandioca e o palmito já eram consumidos por aqui. O povo indígena se alimentava à base de peixe, frutas e a mandioca sempre estava presente. Além da mandioca e do palmito, que deixaram os portugueses loucos, ressalta-se também crustáceos, caças, moluscos, pimentas amarela e vermelha, abóbora e o caldo de peixe. 
No costume indígena, nas refeições, a caça era assada e o peixe era assado ou cozido.
A mulher cozinhava e o homem caçava. Já as bebidas eram preparadas pelas mulheres que utilizavam a mandioca para fazer o líquido e depois o enterravam para que fermentasse e ganhasse teor etílico. Essa bebida era conhecida como caxiri ou caissuma.
As frutas mais sumosas eram comidas, e não espremidas, exceto quando era para a finalidade de produzir vinhos, que eram feitos à base de jenipapo, ananás e caju. 
O índio não conhecia a cana-de-açúcar, que só veio com a colonização, mas usava o mel de abelhas, que existia em abundância em nossas matas. 
O sal era retirado da vegetação e não da água do mar. Os índios queimavam os troncos das palmeiras até se transformarem em cinzas que então eram fervidas para obter o sal, de cor parda.



















Alimentação portuguesa – chegada do azeite de oliva





Dá para imaginar um Brasil sem mangueira, sem jaqueira, sem fruta-do-conde? Aqui era assim antes dos portugueses. 
Além disso, trouxeram também o poejo, agrião, couve, cebola, alho, coentro, salsa, e as sopas já podiam ser feitas com abóbora, nabo, repolho e berinjela, adicionando o azeite de oliva vindo de Portugal, e com esse novo mundo riquíssimo em legumes e vegetais trazidos pelos colonizadores durante o século XVI.
O povo português foi quem teve contato com o açúcar sob o domínio árabe, pois os bolos de mel e o alfenim eram de competência deles. A doçaria em Portugal, à base de mel, já existia há muito tempo, era centenária quando o açúcar apareceu.
Mas essa adaptação aos costumes alimentares da colônia não impediu que os portugueses procurassem introduzir produtos do além-mar, como gado, cereais, trigo, aves, couves, alfaces, pepinos, abóboras, lentilhas etc.
Alho, cebola, cominho, coentro e gengibre são heranças das primeiras hortas lusitanas em terras tupiniquins.






















Alimentação africana – os escravos que aqui chegaram




Jamais saberemos o número exato e as origens dos africanos que chegaram ao Brasil. Sabe-se, porém, que boa parte dos escravos era de herdeiros de grandes impérios negros; desde a arte da guerra às artes plásticas, trabalhando metais, tecendo e esculpindo, tinham conhecimento do gado, da domesticação de animais e até de técnicas de irrigação. 
Os negros faziam farinha, já conhecida pelos tupis brasileiros. Comiam o milho sempre cozido, em forma de papa, angu ou fervido com leite de vaca, em preparo semelhante ao atual mungunzá.
A banana foi a maior contribuição africana para a alimentação do Brasil, em quantidade, distribuição e consumo. Da África vieram ainda a manga, o arroz, a cana-de-açúcar.
O coqueiro e o leite de coco, aparentemente tão brasileiros, também vieram do continente africano, bem como o azeite de dendê.
Os negros trouxeram para o país a pimenta africana, cujo nome localizava a origem, Malagueta.



Fonte de pesquisa: 
A alimentação no Brasil Colônia
Lilian Maria de Siqueira Lopes
http://www.unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/49596.pdf

Alimentação e cultura
NUT/FS/UnB – ATAN/DAB/SPS
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/alimentacao_cultura.pdf



Sugestão de Leitura




  

Farinha, feijão e carne-seca | Um tripé culinário no Brasil colonial de Paula Pinto e Silva  - Em texto fluente e agradável, a autora nos leva, pelos trilhos da antropologia, à cozinha da sociedade colonial, onde ingredientes indígenas, negros e brancos se misturam para espessar o caldo da cultura alimentar brasileira. Esse livro contribui para uma percepção mais profunda do papel da gastronomia no estudo da cultura de um povo. Gourmand World Cookbook Awards 2005 - Melhor Livro de História da Gastronomia.

Um comentário:

  1. Bom dia! Tem um livro alimentação e cultura de Elisabetta e PAtricia, preciso do ano de publicação p poder referenciar.

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